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CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA


Quadro de mudanças no conceito de infância
Figura Reprodução | Google Imagens

A infância tem sido historicamente, uma categoria instável que deve ser regulada e controlada constantemente.


Infância
Feudal
Proteções
progressivas
Tendências
reformistas
Criança
O período da infância não é um período distinto da vida adulta. As crianças trabalham muito cedo e vivem também na esfera pública.
As crianças são crianças e não adultos em miniatura. Elas têm maneiras de pensar de sentir que lhes são próprias. Não participam do mundo dos adultos porque ainda lhes falta o que Kant chama de autossuficiência. Para o bem da sociedade civilizada, esse estágio do crescimento tem de ser isolado e protegido do mundo abusivo. Noções de crianças como pessoas diferentes dos adultos criam para elas foros especiais, como juizado de menores. Nesse caso, a diferença baseia-se mais na ideia de que elas são seres inocentes ou impressionáveis no perigo que elas representam para a sociedade.
As crianças são capazes de um pensamento racional, o que lhe dá condições de escolher o que é bom para elas. Se não podem participar devido a não autossuficiência, como se explica que aos doentes e aos idosos é dada a oportunidade de escolher, se eles também não são autossuficientes? Para Minow, é necessário reconhecer as crianças como iguais ou similares os adultos pelas suas semelhanças e não pelas suas diferenças.
Família
A família é patriarcal e hierarquizada e, portanto, desigual. Ela integra as instâncias de socialização da criança.
A sociedade liberal do século XIX manteve o caráter desigual na família. A mãe continua excluída da esfera pública. Junto com o Estado, a família tem a responsabilidade da criança.
A família é igualitária e o espaço familiar, um domínio inviolável. A Corte Europeia dos Direitos do Homem diminui o Poder do Estado sanitário e social e limitar suas pretensões em benefício de um Estado de direito: toda pessoa tem direito ao respeito de sua vida privada, de seu domicilio e de sua correspondência.
Estado
L'état c'est moi, ou seja, o estado sou eu. O soberano era fonte e origem da sociedade civil. Existe uma analogia em relação ao dever de que os filhos venerem seus pais, como os súditos, seu soberano súdito, o soberano.
O Estado propõe medidas de proteção à infância, mas também deixa claros seus próprios interesses na comunicação social com elas.
Busca-se a não interferência do Estado na esfera privada. Essa intervenção só pode ocorrer em último caso. Cada indivíduo tem o direito de ser tratado como os outros indivíduos e se ver livre da intrusão do Estado.
Lógica dominante
Predomina a lógica da religião.
Predomina a lógica da ordem pública.
Predomina a lógica dos direitos do homem.
Trabalho
Quanto mais filhos, melhor, pois a criança vive o mundo do trabalho ou nas fábricas.
A criança é isolada do mundo do trabalho.

Educação
Criança é uma tabula rasa, onde os adultos inscrevem sua cultura.
A obrigatoriedade da escola serve também para isolar as crianças do mundo dos adultos. Ela é a principal instituição socializadora, junto com a família, ambas detendo o monopólio do saber.
Assiste-se a um desengajamento da família no processo educativo, uma proeminência da escola, que passa a competir com os meios de comunicação – especialmente a televisão – que abrem novas portas para o conhecimento e acabam com controle exercido pelas instituições tradicionais.
Corpo Espírito
Preocupação com o corpo da criança, fonte de trabalho.
Com fim da mortalidade, passa a existir uma preocupação com a formação do espírito. Alguns autores dizem que a Psicologia, criando fases do desenvolvimento infantil, reforça essa ideia de que a criança é diferente dos adultos, provocando confusão sobre seus direitos e deveres.

Autores
Aristóteles, Montaigne,
Locke e Rousseau
Stuart Mill, Rousseau.

*Fonte: http://historiadainfancia.blogspot.com

* Texto sugerido na biblioteca do CURSO: Educação Infantil: Uma proposta pedagógica
 

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