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EPISÓDIO 4 – DEVEMOS ALFABETIZAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL?


Esse estudo faz parte da SÉRIE Educação Infantil: Caminhos a Percorrer.
 
Nessa série temos como objetivo compartilhar estudos e orientações sobre a educação infantil no contexto escolar.
 
Por isso, na Coleção 1 discutimos sobre Currículo na Educação Infantil, na Coleção 2 focamos no Projeto Político Pedagógico na Educação Infantil, e, nessa Coleção 3 estamos discorrendo sobre a Alfabetização na Educação Infantil: Questões para Pensar.


Sendo assim, hoje conversaremos sobre a nossa indagação inicial: Devemos Alfabetizar na Educação Infantil?

 
Conforme já falei nos episódios anteriores, essa indagação tem permeado diferentes estudos e reflexões acerca do papel da 
Educação Infantil no processo de alfabetização.
 
Nos episódios 2 e 3 falamos sobre O sentido de alfabetização na BNCC e sobre Os conhecimentos básicos daalfabetização, destacando os cuidados que devemos ter com a ideia de preparação para o Ensino Fundamental, e, de ensinar apenas se as crianças desejarem.
 
Dos conhecimentos básicos apresentados no Episódio 3, verificamos que vários deles constam na proposta para a Educação Infantil na BNCC.
 
Ao analisarmos de forma pormenorizada, podemos verificar que o tempo todo fala-se dos conhecimentos básicos da alfabetização, por meio da ideia de que a criança precisa conviver com textos escritos, tendo em vista que dessa forma elas constroem hipóteses sobre a leitura e a escrita de forma espontânea, não convencional.
 
Observamos também, que os conhecimentos básicos da alfabetização são mencionados como atividades que devem ser vivenciadas pelas crianças na intenção de prepará-las para a alfabetização no Ensino Fundamental.
 
Esse discurso defende a ideia de que não se alfabetiza na Educação Infantil, mas, enfatiza a proposta de uma alfabetização preparatória.

Como assim? O discurso é que não se deve alfabetizar na Educação Infantil, mas se propõe trabalhar os conhecimentos da alfabetização com a intenção de preparar para a alfabetização.

Trabalhar os conhecimentos da alfabetização, no meu entender, é alfabetizar. Só, que na negativa de alfabetizar, muitos projetos educativos caem na armadilha da Educação Infantil preparatória.
 
Muitos profissionais preferem dizer que estão apenas preparando as crianças; outros dizem que estão apenas proporcionando um contato com a leitura e a escrita; alguns afirmam que ensinam se as crianças desejarem, enfim, são discursos que escamoteiam a possibilidade de inserir de fato as crianças em práticas de leituras e de produções de textos, por meio de situações de ensino aprendizagem que condizem com as reais necessidades desse tempo espaço da infância – atividades lúdicas alfabetizadoras.
 
E, aí vale outra indagação: por que que os referidos conhecimentos fazem parte da proposta para a Educação Infantil?
 
Parece-me contraditório, pois a partir do momento que estamos inserindo as crianças em práticas de leituras e de produções de textos, e, nesse processo, proporcionando situações de ensino aprendizagem que promovem a interação com os conhecimentos que são importantes no processo de alfabetização, não estamos alfabetizando?
 
Tais questões me instigam a considerar, que, enquanto, não encararmos essa situação, de modo que possamos romper com a concepção de alfabetização que prioriza as unidades menores da língua, e, que por isso, de fato, não cabe à Educação Infantil trabalhar dessa forma, corremos o risco de continuarmos negando a possiblidade de práticas alfabetizadoras na Educação Infantil.
 
O fato é que a Educação Infantil não pode ser concebida como um período preparatório, onde as crianças são preparadas para serem alfabetizadas no Ensino Fundamental. Essa questão já está clara, não é mesmo?
 
Mas, o fato de negarmos a alfabetização nessa etapa de ensino, e, trabalharmos os conhecimentos básicos em seu cotidiano didático pedagógico, me parece bastante contraditório e prejudicial ao processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças.
Precisamos refletir sobre essa questão!

NEGA-SE A VIVÊNCIA DE PRÁTICAS ALFABETIZADORAS, MAS PROPÕE-SE TRABALHAR OS CONHECIMENTOS DA ALFABETIZAÇÃO, NO SENTIDO DE PREPARAÇÃO.😑
 
Sendo assim, considerando o contexto em que vivemos, onde as crianças interagem com a tecnologia, de modo que diferentes formas de leituras e de produções de textos se fazem presentes em seu cotidiano, vale salientar que as crianças vivenciam em suas práticas sociais e culturais, experiências de leituras e de escritas que precisam ser consideradas no lócus da educação infantil.
 
Você já parou para pensar sobre isso? Precisam ser consideradas pelo fato de as crianças terem o direito de se apropriarem dos conceitos inerentes à referida prática social e cultural.
 
As leituras e as produções de textos são práticas sociais e culturais, produzidas, apropriadas e objetivadas em nosso cotidiano.
 
As crianças aprendem a ler o mundo, por meio das suas experiências cotidianas, e, nesse sentido, produzem conhecimentos, dentre os quais, os textos que constituem as suas falas, brincadeiras, interação com a tecnologia, músicas, vídeos, jogos, dentre outras situações que fazem parte do repertório infantil.
 
O fato de as crianças se constituírem nesse contexto de múltiplas linguagens, nos indicam o quanto elas precisam interagir com as mesmas de forma significativa.
 
No entanto, sabemos que não basta que as crianças tenham contato com essas experiências, uma vez, que os conhecimentos que são necessários para que as crianças ultrapassem a arena das práticas sociais e culturais cotidianas (conhecimentos cotidianos), constituem os conhecimentos científicos, e, como tal, exigem sistematização específica.
 
Aqui temos duas questões que precisam ser tratadas:
1.   Conhecimentos cotidianos
2.   Conhecimentos científicos
 
Os conhecimentos cotidianos, na perspectiva sócio histórica cultural, da e na qual, se ancora em princípios dialógicos, são aqueles conhecimentos produzidos, apropriados e objetivados em nosso cotidiano de forma espontânea. São os conhecimentos que interagimos no contexto familiar, na nossa comunidade, enfim, são os conhecimentos aprendidos sem uma sistematização didática pedagógica.
 
Entretanto, mesmo que não haja sistematização didática pedagógica, nos conhecimentos cotidianos, existe alguém que ensina, até porque, aprendemos com as experiências vividas, na interação com o outro, mas, as referidas experiências, não constituem um passo a passo, que envolvem conhecimentos específicos para a sua apropriação.
 
As crianças aprendem a falar, interagindo com falantes; aprendem a brincar brincando; aprendem a cantar, cantando; aprendem a pescar, pescando; aprendem a fazer comida, fazendo e observando; etc. 

Em todas as situações cotidianas, aprendemos no processo de interlocução com pessoas mais experientes, que nos ensinam, e, também, porque as imitamos. Nesse processo, existem momentos de intervenções com dicas e ensinamentos, que qualificam as nossas observações e compreensões.
 
Por exemplo: as crianças observam como fazemos um bolo. Elas podem, mesmo por imitação, mas, possivelmente ficará faltando algo, que poderá comprometer o seu trabalho. Nesse sentido, ela pode recorrer à quem costuma fazer o bolo, para saber o que usar para que o bolo fique gostoso. 

Nessa interação, ela aprenderá quais são os ingredientes necessários, qual a quantidade e a sequência de inserção dos mesmos na receita, além da importância do forno pré-aquecido e do tempo de cozimento do mesmo. Todos esses conhecimentos são necessários para que o bolo fique mais saboroso. 

Esses conhecimentos permeiam o cotidiano familiar, por exemplo. Pode ser uma família, que gosta muito de bolo, e, por isso sempre tem bolo no café da manhã; pode ser que seja uma família que vende bolo, de modo, que todos os dias prepara alguma receita. Mas, pode ser também, que geralmente compra o bolo pronto na padaria, e, um belo dia, resolveu preparar em casa.
 
De qualquer modo, a preparação do bolo, nos indica um conhecimento espontâneo, que exige interação, e, que se aprende no contexto das práticas sociais e culturais cotidianas, tendo o texto oral, como premissa básica.
 
No entanto, se em algum momento, se fizer necessário a troca de receita por escrito, outros conhecimentos se inserem, de modo que para escrevê-la, é preciso que saiba escrever (codificar) e para lê-la, é preciso que saiba ler (decodificar).
 
Sabemos que os conhecimentos necessários para o aprendizado da leitura e da escrita, são conhecimentos produzidos e objetivados ao longo da história da humanidade, que precisam ser organizados num processo de sistematização específica, visando a sua apropriação pelas crianças.
 
É, nesse sentido, que dentre as diferentes especificidades da leitura e da escrita, entendemos o tempo espaço da alfabetização como um processo de produção, apropriação e objetivação de conhecimentos científicos.

OS CONHECIMENTOS DA ALFABETIZAÇÃO SÃO CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS.
 
Conhecimentos científicos, porque são conhecimentos específicos, com a finalidade de aprendizagem da leitura e da escrita, e, que por sua vez, exigem memória lógica, disciplina intelectual, interação sistematizada, atividades próprias, para que de fato sejam aprendidos.
 
Vale ressaltar, que os conhecimentos científicos precisam ser ensinados num processo de interlocução com os conhecimentos cotidianos. 
Sendo assim, os conhecimentos cotidianos precisam ser ponto de partida e de chegada no processo de ensino aprendizagem. Ponto de partida, pelas questões anteriormente destacadas, e, de chegada, porque imbuídas pelo aprendizado do nosso sistema de leitura e de escrita, as crianças poderão interagir em seu cotidiano como sujeitos leitores e produtores de textos em seu sentido pleno.
 
Pois bem, se na proposta da e para a Educação Infantil, constam os conhecimentos da alfabetização, então temos aí, os conhecimentos científicos, de modo, que na Educação Infantil, não cabe o espontaneísmo, que vem perpetuando ao longo da história, ora como uma instituição preparatória, ora, com objetivos em si mesma.
 
Sendo uma instituição educacional infantil, tem sim, a responsabilidade de inserção das crianças em práticas reais de leitura e de produção de texto, e, nesse sentido, podemos destacar a importância da sistematização dos conhecimentos que são propostos, por meio de situações de ensino aprendizagem, que levem em consideração as peculiaridades desse tempo espaço infantil.
 
Estou dizendo, que aqueles conhecimentos propostos na BNCC, e, os que salientamos no Episódio 3, que são importantes no processo de alfabetização das crianças, desde a Educação Infantil, são da categoria científica, e, por isso, exigem uma metodologia didática pedagógica, com sistematização adequada.
 
Dito isto, é importante salientar que estou sim falando de Alfabetização no contexto da Educação Infantil.
 
Estou falando de conhecimentos importantes no processo de alfabetização, e de práticas que propiciam a interação das crianças com os conhecimentos básicos para tal.
 
Mas, ATENÇÃO! Não estou falando de preparar para a alfabetização, e, sim de alfabetizar. Afinal os referidos conhecimentos são propostos para a Educação Infantil, então, é importante reafirmar que precisamos rever o nosso conceito de alfabetização nessa etapa de ensino.
 
Não vejo motivo para o receio de falar sobre a alfabetização nessa etapa de ensino. O que vejo, são rodeios que impedem de assumir um posicionamento alfabetizador, já que os conhecimentos estão propostos nos documentos oficiais.
 
Percebem? Se os conhecimentos básicos fazem parte da proposta da Educação Infantil, por que o receio em assumir o processo de alfabetização, como parte da Política de Educação Infantil, melhor dizendo, por que não inserir a Educação Infantil na Política de Alfabetização?
 
É urgente em minha opinião, rever o conceito de alfabetização.


CUIDADO! Se entendemos a alfabetização na perspectiva do método fônico ou silábico, por exemplo, que consideram as unidades menores da língua como as unidades básicas, então, não cabe à Educação Infantil, a inserção da alfabetização em seu Projeto Político Pedagógico.
 
Mas, se consideramos que a alfabetização é um processo de formação de sujeitos leitores e produtores de textos, com foco no texto, como sendo a unidade básica da proposta de ensino aprendizagem da leitura e da escrita, estamos falando de outro modo de alfabetizar, com outra concepção. Estamos falando de uma perspectiva discursiva.
 
Não cabe na perspectiva discursiva, a mecanização da alfabetização, trazendo para a Educação Infantil, atividades repetitivas de memorização das letras e seus fonemas, sob o pretexto de estar preparando para a alfabetização, acreditando que dessa forma as crianças aprenderão a ler e a escrever melhor.
 
Poderão até aprender a decodificar e codificar, mas não se constituirão leitoras e produtoras de textos conforme requer a concepção discursiva, onde de fato as crianças se formam com consciência empreendedora, podendo ler o mundo com mais criticidade, na dimensão de uma consciência planetária.
 
A alfabetização que defendo, exige reconhecer as especificidades da Educação Infantil, no sentido de propor situações de ensino aprendizagem que levem em consideração as reais necessidades de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, incluindo seus tempos, ritmos, modos e percursos de aprendizagens.
 
Quando falo, que Devemos SIM Alfabetizar na Educação Infantil, estou te dizendo, que não podemos mais nos esquivar dessa responsabilidade, que é reconhecer a necessidade de a criança interagir com os conhecimentos científicos, dentre os quais os da alfabetização.
 
Por isso, reafirmo, que junto com essa responsabilidade, vem outra, que é fundamental, a de que, precisamos rever o conceito de alfabetização que está proposto na BNCC e na Política Nacional de Alfabetização (PNA), para então, seguindo os princípios educacionais da formação de sujeitos leitores e produtores de textos em seu sentido pleno, organizar uma proposta educacional com foco nas práticas sociais e culturais infantis, dentre as quais, as atividades lúdicas.
 
Por meio das atividades lúdicas, podemos implementar práticas reais de leituras e de produções de textos, para que a partir das mesmas, possamos inserir os conhecimentos que se fizerem necessários.
 
Lembrando que aqui nesse Episódio 4, o nosso objetivo é te responder a indagação inicial dessa série: DEVEMOS ALFABETIZAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL?


Depois de tudo que foi discutido: qual a sua opinião?
 
Quando assumimos a alfabetização como parte do processo de ensino aprendizagem das crianças que frequentam a Educação Infantil, outras questões surgem, não é mesmo?
 
Já temos um posicionamento sobre a Alfabetização na Educação Infantil. Sabemos quais são os Conhecimentos Básicos da Alfabetização e quais devem ser trabalhados desde a educação infantil. Mas, quando e como ensinar os referidos conhecimentos?
 
Sobre essa questão, falaremos em outro momento. Ok? 


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