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EPISÓDIO 3 - CONHECIMENTOS BÁSICOS DA ALFABETIZAÇÃO: Podem ser trabalhados na Educação Infantil?

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Considerando que o nosso objetivo nessa coleção 3 é responder ao questionamento se devemos alfabetizar na educação infantil, no episódio de hoje, vamos discorrer sobre os conhecimentos básicos da alfabetização, visando analisar se os mesmos podem ser trabalhados na educação infantil, para a partir daí, respondermos à referida indagação.
 
Quais são os conhecimentos da alfabetização?

Considero que são todos os que promovem o aprendizado da leitura e da escrita.
 
Para essa orientação, nesse episódio 3, organizamos os conhecimentos fundamentais, agrupados em três categorias:

  1. A constituição de sujeitos leitores e produtores de textos.
  2. Aspectos sociais, culturais e históricos da leitura e da escrita.
  3. Aspectos linguísticos da alfabetização.
 
Assim, vamos discorrer sobre quais são os conhecimentos de cada categoria, de modo a destacar quais podem ou não serem inseridos no projeto de estudo da educação infantil.
 
Por isso, se você ainda não conhece os episódios anteriores: a apresentação, o episódio 1 e o episódio 2, dessa coleção 3, dê uma pausa aqui, e, confira. Assim, você entenderá melhor as problematizações que faremos a seguir. Certo?
 
No decorrer das nossas análises ao longo do episódio 2, quando discutimos sobre o sentido de alfabetização na educação infantil com foco nas proposições que constam na base nacional curricular comum – BNCC, observamos que vários conhecimentos propostos para a educação infantil, são da alfabetização.
 
Observamos também, que subjacente aos mesmos está a concepção construtivista cognitivista de educação infantil, e, consequentemente de alfabetização.
 
Vale relembrar também, que a BNCC defende a ideia de que nesse espaço tempo da infância não se alfabetiza, tendo em vista, que o papel da educação infantil é preparar as crianças para serem alfabetizadas no ensino fundamental.
 
Há um entendimento, de, que, preparar as crianças para serem alfabetizadas não é alfabetizar, mesmo quando esta preparação é organizada com atividades relacionadas aos conhecimentos básicos da alfabetização, conforme verificamos em nossas análises no episódio 2.
 
Além dessas questões, existe o agravante de que, segundo a concepção proposta na BNCC, as crianças precisam demonstrar interesse para que os conhecimentos sejam inseridos no processo de ensino aprendizagem, o que em nosso entender pode gerar práticas espontaneistas.
 
Veja que aqui, estamos falando de duas situações que precisam ser discutidas no lócus da escola:

Ensinar os conhecimentos básicos da alfabetização, se a criança demonstrar interesse em aprender a ler e a escrever.
A educação infantil é um tempo espaço de preparação para a alfabetização.

A ideia de ensinar os conhecimentos básicos da alfabetização, se a criança demonstrar interesse em aprender a ler e a escrever, demonstra recusa em pensar a alfabetização na educação infantil.

Essa recusa pode ser pelo fato de que a proposta de alfabetização para os anos iniciais do ensino fundamental (1º 2º e 3º anos) que hoje está em voga, se ancora nos princípios da consciência fonológica.
 
Essa é a concepção da Política Nacional de Alfabetização, cuja ênfase é a ciência cognitiva da leitura, com foco no método fônico.
 
Lembrando que nesse método, a alfabetização é centrada no ensino das relações entre fonemas e grafemas, isto é, nas unidades menores da língua.
 
Assim, de fato estaríamos limitando a possibilidade de as crianças vivenciarem práticas didáticas pedagógicas de forma significativa, no que se tange à formação de sujeitos leitores e produtores de textos com consciência crítica.
 
Como podemos ver a concepção de alfabetização proposta para o ciclo de alfabetização (anos iniciais do ensino fundamental), não cabe na educação infantil, e, eu diria, mesmo que a criança demonstre interesse em aprender a ler e a escrever.
 
O fato de ter como foco as unidades menores da língua, relações entre grafemas e fonemas, bem como, entre fonemas e grafemas, torna o processo mecânico, desprivilegiando a formação de sujeitos leitores e produtores de textos, o que em nosso entender, contribui para o alfabetismo funcional (nível elementar). Não basta saber decodificar e codificar palavras e frases, é preciso saber ler e produzir textos com consciência crítica.
 
Mas, você pode estar se perguntando: _ E, se a criança demonstrar interesse? Não vamos ensinar?
 
Claro que vamos! Mas, não nessa perspectiva. Vamos sim, inserir as crianças da educação infantil em práticas de leitura e de produção de textos, e, nesse processo, podemos ensinar os conhecimentos básicos da alfabetização que são fundamentais nesse tempo espaço da educação básica.
 
Falaremos mais sobre essa questão posteriormente.
 
A outra ideia, a de que a educação infantil é um tempo espaço de preparação para a alfabetização, também revela recusa em tratar desse assunto, isto é, de pensar a alfabetização na educação infantil.
 
Por isso, as propostas se limitam em treinar as crianças no que se refere aos conhecimentos básicos da alfabetização (consciência fonológica) ou em atividades de coordenação motora fina e grossa, dentre outras relacionadas à percepção espacial, visual, auditiva, etc.
 
O avanço, que tivemos a partir dos anos 1980, com o advento do construtivismo, foi de propiciar momentos de contação de histórias, rodas de conversas, na intenção de a criança aprender as funções sociais da leitura e da escrita, bem como, o incentivo em proporcionar às crianças situações de escritas espontâneas, de modo que possam externar as suas hipóteses, e, assim, construir a sua alfabetização.
 
Digo avanço, porque nesse período houve a intenção de romper com as práticas de uma educação compensatória e preparatória, com foco na abordagem tecnicista. Mas a ideia de preparação ficou mantida, como podemos ver ainda, hoje.
 
Outra questão que eu gostaria de chamar a atenção, é que todos os conhecimentos acima destacados, que envolvem: consciência fonológica, coordenação motora fina e grossa, percepção espacial, visual, auditiva, as funções sociais da leitura e da escrita, etc., são importantes, mas se trabalhados nessa ideia de preparação, tornam o espaço tempo da educação infantil, em situações, cujas experiências limitam a capacidade de as crianças se constituírem leitoras e produtores de textos.
 
A preparação, nessa lógica evidencia a ideia de que esses conhecimentos de cunho preparatório, são da alfabetização, e, que portanto, cabe à educação infantil implementá-lo. Tal postura evidencia uma tendência de memorização mecânica e de desprezo aos conhecimentos da alfabetização que são fundamentais. Por isso, a proposta de ensiná-los caso as crianças demonstrem interesses.
 
Essa concepção vem permeando as propostas de educação infantil, décadas após décadas, e, nós precisamos romper com a mesma, tendo em vista que esse pensamento, não cabe na educação infantil. Não podemos permitir a retomada da mesma.
 
Eu acredito numa proposta de formação de leitores e produtores de textos, que prima pela inserção das crianças em práticas reais de leitura e de escrita, e, com base nessa prática ensina-se os conhecimentos da alfabetização, que por sua vez, promovem a aprendizagem e o desenvolvimento dos princípios da leitura (decodificação) e da escrita (codificação). E você?
 
Outra questão importante que preciso destacar são os resquícios de uma tendência educacional com objetivos em si mesma, muito colada à ideia construtivista cognitivista dos anos 1980/1990. Nesse período o tom das propostas era romper com a educação infantil preparatória. Não podemos cair na armadilha de retomarmos a concepção em si mesma, conforme discutimos no episódio 1.
 
Por isso, gostaria de a partir dessas análises, pensar sobre os conhecimentos básicos da alfabetização, para que possamos verificar se os mesmos podem ou não fazer parte da proposta de ensino aprendizagem da educação infantil.
 
Pensar sobre tais questões nos remete à discorrer sobre o conceito de alfabetização que estamos trabalhando.
 
O que é alfabetização?

Alfabetização é o processo de aprendizagem e desenvolvimento dos conhecimentos básicos da leitura e da escrita, por meio de práticas reais de leitura e produção de textos.
 
Dialogamos com Gontijo (2008) em relação à ideia de que “é importante pensarmos a alfabetização como uma prática social em que se desenvolve a formação da consciência crítica, as capacidades de produção de textos orais e escritos, de leitura e de compreensão das relações entre sons e letras”.
 
Nesse sentido, enfatizamos em nossas orientações didáticas pedagógicas, que:

Alfabetização é um processo de formação de leitores e produtores de textos com consciência crítica e empreendedora, na dimensão de uma consciência planetária, cujo foco é a inserção das crianças em práticas reais de leitura e de escrita, tendo o texto como a unidade básica, para então, ensinar as unidades menores da língua, por meio das palavras referências, e, assim, promover a aprendizagem e o desenvolvimento dos princípios da leitura (decodificação) e da escrita (codificação).
 
Por isso, a escola, desde a mais tenra idade, precisa organizar o trabalho pedagógico de forma que garanta a formação de sujeitos leitores e produtores de textos com criticidade.
 
Uma prática alfabetizadora que foca nas unidades menores da língua (na consciência fonológica), isolada do seu contexto, não favorece a interlocução com os sentidos dessas unidades, e, por isso, o processo se torna mecânico. Segundo Gontijo e Schwartz esse modo de conceber a alfabetização “cerceia a oportunidade de construção e reconstrução de diálogos entre as crianças e a produção da própria cultura. É no texto (oral ou escrito) que as unidades menores da língua encontram seu significado mais pleno”. (2009, p.84).
 
Isso significa que os conhecimentos básicos do processo apropriação da leitura e da escrita, precisam ser ensinados de forma significativa.
 
Quais são os conhecimentos da alfabetização?

Conforme destacamos no início desse episódio 3, são todos os conhecimentos que promovem o aprendizado da leitura e da escrita com sentido e significado.

Trabalhamos com o princípio de que precisamos focar nos conhecimentos fundamentais. E, para efeito didático pedagógico destacamos três categorias de análises. Lembra?

  1. A constituição de sujeitos leitores e produtores de textos.
  2. Aspectos sociais, culturais e históricos da leitura e da escrita.
  3. Aspectos linguísticos da alfabetização.

Em cada categoria podemos destacar vários conhecimentos importantes.
 
Na categoria 1 - A constituição de sujeitos leitores e produtores de textos, podemos destacar:
    1.1- Interação com a leitura de diferentes gêneros e suportes textuais.
    1.2- Inserção das crianças em práticas de produção de textos.
 
Na categoria 2 - Aspectos sociais, culturais e históricos da leitura e da escrita, destacamos:
    2.1- As funções sociais da leitura e da escrita.
    2.2- A escrita enquanto mediação da memória.
    2.3- A história da escrita e do alfabeto.
    2.4- As letras do alfabeto
  •     O nome das letras.
  •     Categorização gráfica.
O traçado das letras
    2.5- Gêneros textuais: as característica dos textos.
    2.6- Suportes textuais.
    2.7- Organização espacial da página em nosso sistema de escrita.
 
E, na categoria 3 - Aspectos linguísticos da alfabetização, chamamos atenção para a importância de trabalhar:
    3.1- Conceito de símbolo.
    3.2- Conceito de palavra, de sílaba, de letra e de som.
    3.3- Análise e síntese de palavras.
    3.4- As distinções entre desenho e escrita.
    3.5- As letras do alfabeto.
  •     Símbolos gráficos.
  •     Categorização funcional - relação entre letras e sons (consciência fonológica).
    3.6- A relação simbólica entre as letras e o som da fala.
    Relação biunívoca entre letras e sons.
    Letras representam diferentes sons segundo a sua posição.
    Sons representam diferentes letras de acordo com a posição.
    Letras representam sons idênticos em contexto idênticos.
    As singularidades da linguagem oral e da linguagem escrita.
 
Desses conhecimentos quais devem ser trabalhados desde a educação infantil?
 
Eu diria que todos das categorias 1 e 2. E, você?

E, os da categoria 3?
    3.1- Conceito de símbolo.
    3.2- Conceito de palavra, de sílaba, de letra e de som.
    3.3- Análise e síntese de palavras.
    3.4- As distinções entre desenho e escrita.

Os conhecimentos abaixo, geralmente são trabalhados nos anos iniciais do ensino fundamental. No entanto, se as crianças apresentam hipóteses que demonstram a ideia de uma escrita silábica, mesmo que ainda sem valor sonoro, é importante propor situações de ensino aprendizagem que envolvem tais conhecimentos.
 
3.5- As letras do alfabeto.
  •     Símbolos gráficos.
  •     Categorização funcional - relação entre letras e sons (consciência fonológica).
    3.6- A relação simbólica entre as letras e o som da fala.
  •     Relação biunívoca entre letras e sons.
Mas, muito cuidado, porque existe uma metodologia própria para tal, pois caso contrário podemos cair na armadilha da abordagem tecnicista, tonando o processo ineficaz.
 
Falaremos sobre como ensinar esses conhecimentos em outro momento (outro vídeo). Certo?
 
Aqui o nosso objetivo é te mostrar quais são os conhecimentos básicos da alfabetização, de modo que possamos responder à indagação dessa coleção 3: DEVEMOS ALFABETIZAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL?
 
Pois bem, gostaria de enfatizar mais uma questão! Você deve ter percebido que não destaquei na lista dos conhecimentos básicos da alfabetização, os relacionados à coordenação motora, conhecimentos lógicos matemáticos, dentre outros que mencionamos no início deste episódio 3, mesmo que sejam importantes para o processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças do ponto de vista cognitivo e motor.
 
Lembre-se! Aqui estamos destacando os conhecimentos que são da alfabetização. Tudo bem?
 
No entanto, precisamos saber que os conhecimentos sobre coordenação motora, conceitos lógicos matemáticos, percepção auditiva e visual, dentre outros, precisam ser ensinados, para que as crianças possam interagir melhor com as orientações realizadas no decorrer da alfabetização.
 
Se as crianças não sabem o que significa primeiro, segundo, depois, antes, por último, por exemplo, que são conhecimentos da matemática, no momento que estiverem discutindo sobre a primeira sílaba, a última letra, a letra que vem antes, etc. Elas não conseguirão compreender o comando da situação de ensino aprendizagem proposta.
 
Os diferentes e diversos conhecimentos relacionados à coordenação motora fina e grossa, percepção auditiva e visual, conceitos lógicos matemáticos, função social da leitura e da escrita, são conhecimentos fundamentais que precisam ser ensinados desde a educação infantil, para que as crianças possam interagir com os demais conhecimentos ao longo da sua trajetória escolar, dentre os quais os conhecimentos da alfabetização.
 
Precisamos entender que esses conhecimentos não podem ser confundidos com os da alfabetização. Numa dimensão interdisciplinar com os conhecimentos da matemática, das artes, da educação física, as crianças se apropriam de conceitos que são importantes no processo de alfabetização. Ok?
 
Sendo assim, gostaria de salientar que:
 
Os conhecimentos básicos da alfabetização, que são apresentados na BNCC, de forma não explícita, conforme falamos no episódio 2, não devem ser ensinados como meros conhecimentos preparatórios para a alfabetização.

Os conhecimentos da alfabetização não podem ser confundidos com os demais conhecimentos que são importantes no processo ensino aprendizagem da educação infantil.
 
Sabemos que para aprender a decodificar e codificar as crianças precisam conhecer as regras do nosso sistema de escrita alfabética. E, as regras são ensinadas quando abordamos os conhecimentos básicos da alfabetização.
 
Então, qual é o problema da alfabetização na educação infantil?
Por que resistimos em tocar nessa questão de forma explícita?
 
Falaremos sobre essas questões mais detalhadamente no próximo episódio.

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