A criança faz uso das múltiplas
linguagens para atingir seus objetivos[1]
[1] Texto baseado em LOUZADA, Ana Maria. Educação Infantil: aspectos históricos, teóricos e práticos.
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DENTRO DE CADA UM DELES CABE UM MUNDO
Ana Maria
Louzada
Desde a mais
tenra idade, a criança busca diferentes formas de se comunicar com o outro, por
meio do choro, do riso, do gesto, das situações de brincadeiras, do desenho,
das diversas indagações – dos seus por que, dentre outras.
Nesse
sentido, as múltiplas linguagens constituem instrumento mediador nas/das
práticas sociais e culturais infantis.
A linguagem é o principal elemento mediador, sendo o meio simbólico, por
excelência, utilizado pelo ser humano para se comunicar e interagir com outros
sujeitos. Além da dimensão da comunicação, a linguagem auxilia na ação e
regulação do pensamento, viabilizando que o ser humano transforme e organize
sua atividade prática através de instrumentos, controlando seu próprio
comportamento e agindo e transformando o ambiente que o cerca. Essa função generalizante
da linguagem é que vai nos permitir categorizar e ordenar o real e, sendo
assim, ela se constitui num instrumento de pensamento (SARMENTO, 2009, p.39).
Assim, a
linguagem que num primeiro momento se revela como atividade prática, vai se
reconstituindo promovendo situações que envolvem a capacidade de planejar e
antecipar ações. Antes de controlar o próprio comportamento, a criança
começa a controlar o ambiente com a ajuda da linguagem. A criança faz uso
das múltiplas linguagens para atingir seus objetivos. Nesse sentido o uso da
linguagem representa para a criança uma forma de resolver seus conflitos.
A criança
chora quando está com fome. A linguagem encarnada no choro ajuda a criança a
resolver o seu problema. Ela chora e logo é alimentada. Assim, ela tem a
atenção das pessoas com as quais convivem. Além do choro por causa da fome, da
sede ou da fralda molhada, a criança também externa por meio do choro o desejo
de ficar no colo, de brincar no parquinho. Ela aponta com o dedinho o brinquedo
que está em cima da mesa, levantar o braço e bater palminhas para externar
alegria, bater com a mão na mesa e/ou o pezinho no chão para revelar
insatisfação, demonstrando dessa forma uma linguagem com função prática.
É nesse
processo que a linguagem com função organizadora e planejadora vai se
constituindo. Observamos por exemplo que ao desejar um brinquedo que está sobre
a mesa, ela aponta para o mesmo chamando a atenção de quem está por perto, que
logo pega o referido brinquedo e lhe entrega.
Além de a
linguagem exercer tais funções: função prática, organizadora e planejadora do
pensamento infantil, também exerce uma função social e comunicativa, que se
origina nas interlocuções por meio do choro, do riso, do apontar o brinquedo,
do bater palminhas quando está feliz, etc. É a partir da interação social, da
qual a linguagem é expressão fundamental, que a criança se forma. É no processo
de interação com as pessoas com as quais convivem que a criança se desenvolve.
Nesse processo de interação salientamos a importância do diálogo com as
crianças desde a mais tenra idade.
Ao trocar as
fraldas, dar banho, alimentar, dentre muitas atividades que são realizadas
diariamente com as crianças é de extrema importância conversar com elas, falar
sobre as coisas que estamos fazendo com elas naquele momento. É importante
sorrir, acariciar e num movimento de intensa interlocução também demonstrar que
não gostou de algo e assim, ficar séria/sério. Com podemos ver, a educação por
meio do diálogo começa muito antes de a criança interagir por meio da linguagem
oral, isto é, antes de elas começarem a falar.
Quando as
crianças começam a interagir com o espaço e tempo em que vivem por meio de
outras formas de linguagem: a linguagem oral e a linguagem imagética (desenho,
pintura, modelagem, brincadeiras de faz de conta, brincadeiras de roda, dentre
outras) elas se revelam bastante indagadoras e questionadoras.
Para
compreender esse mundo com múltiplas linguagens ela dialoga, questiona, e
assim, provoca um movimento de intensa interlocução com os adultos, por meio de
muitas perguntas, a chamada fase dos porquês.
O tempo todo,
somos convidados a dialogar com as crianças.
Por isso,
precisamos considerar e compreender as
implicações da linguagem no processo de desenvolvimento infantil e
educá-las com e pelo diálogo.
[1] Texto baseado em LOUZADA, Ana Maria. Educação Infantil: aspectos históricos, teóricos e práticos.
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